Pobre cadeira. Deprimida de dar dó. Fora pisoteada por almas sem coração. A usavam como apoio para subir e aplicar grafiato nas paredes. Ninguém dava nada por ela. Todos a olhavam com desprezo, uns até desviavam os olhos e reclamavam "joga essa cadeira fora". E, como se não bastasse seu estado lastimável, a deixaram na calçada, em frente à casa, onde ficou na chuva por alguns dias. Passei várias vezes e a cobicei. Ela, toda envergonhada, nem me deu bola - não era digna de ser admirada. O que a sustentava em pé eram as lembranças dos tempos áureos, da expressão de satisfação de seus novos donos, quando fora comprada, por volta de 1950. Enfim, meu encontro com esta cadeira CIMO 1001, original, foi quando tive coragem de "bater palmas" (para ela), em frente ao portão da tal casa, e ter criado coragem de perguntar se queriam vendê-la. O senhor que me atendeu, ficou um bom tempo olhando para a cadeira. Pensei "duvido que ele ainda queira esta cadeira ...
Resgatar a história de um móvel é manter nossas raízes. Renovar uma peça, da qual você está cansada, é dar uma nova chance ao que também tem história. Por mais que você pinte e renove, ela sempre terá seu desenho original, indicando uma época. Isso é respeito à nossa cultura e respeito ao meio ambiente. Sandra Guadagnin